quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ecologia


Pioneiro no País, o curso de graduação em Ecologia foi implantado em 1976, no Instituto de Biociências (IB) do câmpus de Rio Claro, e, em mais de três décadas, acompanhou o crescente interesse nacional pelas questões ambientais.O curso forma ecólogos – profissionais habilitados a avaliar impactos da ação humana na natureza e a dar orientação para o manejo de ecossistemas e para a conservação da biodiversidade.O campo de atuação do ecólogo cresceu muito desde a criação do curso, como resultado natural da evolução do conhecimento científico nessa área. Isso, por um lado, tornou evidente a urgência na busca de soluções para os problemas ambientais e, por outro, gerou métodos e técnicas de controle dos efeitos das ações humanas sobre o ambiente.A realização da ECO 92 no Rio de Janeiro também ajudou a divulgar a Ecologia como ciência e a despertar os diferentes setores da sociedade para os problemas ambientais. A noção atual é que é preciso buscar uma conciliação entre a crescente demanda por recursos naturais e a preservação do meio ambiente. E em tempos de aquecimento global e mudanças climáticas iminentes, faz-se cada vez mais urgente ter profissionais pensando soluções para esses problemas ambientais.Na esteira dessa necessidade, o mercado de trabalho para o ecólogo tem vivido um ótimo momento. Há oportunidades em centros de pesquisa, escritórios de consultoria, ONGs, empresas particulares e em universidades. O ecólogo também vem sendo incluído nos mais diversos órgãos públicos relacionados ao meio ambiente, como Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo) e Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).Com o crescimento do campo de atua­ção dos ecólogos, aumenta a exigência com relação à sua formação: além de uma sólida graduação, ele deve manter-se sempre atualizado a respeito da legislação, das novas descobertas e sobre os aspectos políticos, sociais e econômicos que possam influenciar os rumos de sua carreira. Desse modo, ele será capaz de compreender melhor seu papel, inclusive em equipes multidisciplinares, para tratar das questões ambientais.


Nada de hippies ou ecochatos. Viver no meio do mato, só para poucos. A verdade é que o profissional de Ecologia pode, muitas vezes, trabalhar mesmo é de terno e gravata. "O ecólogo tem de lidar diariamente com uma zona de grande conflito de interesses, usualmente opostos. A grande tarefa dele é saber intermediar estes conflitos e usar seu conhecimento e criatividade para encontrar as melhores soluções que garantam qualidade de vida à sociedade. E estas soluções podem vir tanto de trabalhos em campo quanto de gabinetes", explica o presidente da Associação Brasileira de Ecólogos (ABE), Décio Luis Semensatto Junior.
Também não se pode confundir a Ecologia com a Biologia. "Embora haja algumas áreas de interesse comum, os perfis são bastante diferentes, sendo que apenas cerca de 30% das disciplinas de cada curso são coincidentes", comenta Semensatto. O ecólogo frequenta, durante a graduação, cursos das áreas de Biológicas, Ciências Exatas e da Terra, Humanas e Saúde. "Esta formação interdisciplinar permite que o profissional atue em diversos segmentos do mercado de trabalho e nas diferentes áreas do conhecimento", diz.


Mercado - O profissional formado em Ecologia é um perito em meio ambiente. O ecólogo faz diagnóstico e monitoramento ambiental, avaliações e estudos de impacto ambiental, manejo de fauna, flora em parques e reservas, recuperação de ecossistemas, auditorias, perícias, pareceres e arbitragens em questões ambientais, além de poder lecionar em qualquer nível. Conforme o presidente da ABE, não há piso para a profissão, mas a média salarial para iniciantes fica em torno dos R$ 1,3 mil. "Atualmente, considerando-se todos os ecólogos que estão no mercado de trabalho, a média salarial oscila entre R$ 2,7 mil e R$ 3 mil. Os maiores salários ultrapassam os R$ 12.000,00, embora isso dependa do cargo, experiência e formação complemetar do profissional."


É pra você? - Gostar do contato com a natureza, claro, é fundamental. "Aquele que quer ser ecólogo tem que gostar de integrar diferentes áreas do conhecimento, ser criativo e, sobretudo, acreditar que podemos tornar nosso mundo um local melhor para se viver", defende o presidente da ABE. Também é importante não ser apenas aficcionado por biologia. "Os estudantes também cursam um bom número de disciplinas da área de Ciências Exatas e da Terra", avisa.


O que vem por aí - Para Semensatto, o ecólogo tem um perfil que o mercado normalmente deseja, ou seja, é um profissional interdisciplinar, que domina várias áreas do conhecimento e que tem uma visão ampla e integrada do todo. "Dentre os grandes desafios que se impõem neste momento, destaco aqueles relacionados ao desenvolvimento e utilização em maior escala de fontes energia menos agressivas ao meio ambiente e às respostas da sociedade à intensificação dos fenômenos climáticos", afirma.


Diferencial - "Costumo dizer aos estudantes que iniciam seus cursos que a única diferença entre os diplomas de cada um será o nome que consta nele. O título que todos recebem é o mesmo e ele não diferencia o aluno dedicado daquele que levou o curso com menos afinco", garante o presidente da ABE, que também é professor da Universidade de Guarulhos (SP). Assim, ele dá a dica: procure fazer estágios e cursos extras na área de interesse de trabalho e envolver-se em projetos de pesquisa na universidade. "Em sua graduação, o aluno estuda assuntos muito diferentes, e buscar aprofundar-se um pouco mais em alguns deles é uma boa estratégia", comenta. Outra dica importante de Semensatto é que o aluno deve estar antenado ao que acontece no País e fora dele. "Em nosso planeta, tudo está interligado e, quanto mais abrangente for nossa visão, melhor será a compreensão dos desafios que se imperam no nosso dia-a-dia."

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