sexta-feira, 25 de junho de 2010

Jovens aprendem no pré-vestibular o valor das relações sociais

Ansiedade, insegurança, medo, carência são alguns sentimentos vividos, diariamente, por quem deixa suas raízes em busca de um sonho. O Curso Positivo recepciona todo ano centenas de alunos de outras cidades do Paraná, e até de outros estados, que sofrem com o afastamento da família para se aproximar da vida universitária. Sem amigos de infância, sem o colo da mãe e sem a razão do pai, eles procuram algo a mais em Curitiba que dê sentido e faça valer à pena esse sacrifício. Maria Goreti de Campos torna-se, então, “o pedacinho da família, o refúgio na cidade grande”, diz a ex-aluna Mariana Arantes, natural de Santo Antônio da Platina / PR, no momento em que foi visitá-la e levar um buquê de flores do campo.
Zeladora há 17 anos no Curso Positivo, Goreti ganha, a cada ano, novos filhos. Adolescentes por quem ela zela, dá carinho e atenção, mas também põe para valer as leis se for preciso, com rigidez, como toda boa mãe age com seus filhos. E assim, constrói-se uma relação verdadeira entre essa enorme família. E se engana quem pensa que só os alunos precisam da Goreti. Ela assume que também sente falta deles e é movida por esse turbilhão emocional juvenil. “Eles me motivam a trabalhar”, declara Goreti que, recentemente, ficou afastada temporariamente do seu trabalho por motivos de saúde e não via a hora de retomar suas atividades.
Constantemente presenteada pelos alunos, Goreti se orgulha de ser tão bem quista pelos jovens e fica ainda mais feliz quando recebe ligações e visitas daqueles que já estão na universidade, aqui ou em outras cidades, mas que não se esquecem da zeladora. E não é por menos. Além dos chazinhos milagrosos, que curam todas as dores, inclusive as feridas do coração, Goreti dá conselhos e orientações sobre família, namoro, estudos e não deixa de confortar aqueles que não vencem a concorrência do vestibular. “Eu falo que não tem porque chorar, afinal, vestibular é como carnaval, tem todo ano”, conta a risonha Goreti. Em todos os intervalos das aulas, o corredor que dá acesso à cozinha onde Goreti trabalha fica cheio de estudantes, em sua maioria meninas, que não sossegam enquanto não conseguem trocar uma palavra com a zeladora. Jovens que resumem esta mulher como psicóloga, rainha da homeopatia, segunda mãe e até o ânimo necessário para se empenhar nos estudos.
O professor Ivo Carraro, coordenador de atendimento ao aluno do Curso Positivo, explica que essa relação entre Goreti e os adolescentes se deve ao mundo inconsciente ou emocional. A casa é sinônimo de segurança, e sair deste ambiente é um desafio rumo ao desconhecido. Afastar-se de casa significa afastar-se da mãe e, por isso, a carência maternal é o que mais desestabiliza os jovens pré-vestibulandos. “Eles necessitam deslocar a ansiedade e a Goreti assume o papel da mãe”, afirma Carraro, ressaltando que a função de mãe é intransferível, mas o acolhimento da zeladora é essencial para que eles se sintam abrigados.
O suporte emocional dado por Goreti é essencial aos alunos na preparação para as provas. “Esta segurança passada aos estudantes auxilia-os na elevação da autoestima, promovendo a autoconfiança que, por sua vez, melhora o rendimento escolar”, explica Carraro. Talvez seja por isso o eterno carinho à zeladora, não só dos alunos, mas das mães destes jovens, que, divididas entre o ciúme e a gratidão, também são presenças constantes no Curso Positivo, sede Vicente Machado, onde Goreti trabalha. Elas vêm de longe só para conhecer e agradecer aquela que se faz fundamental dia a dia na vida de seus filhos.´

Fonte: www.mundovestibular.com.br

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