quinta-feira, 24 de junho de 2010

Agronomia


Biocombustiveis dão nova projeção ao mercado



Desde que passou a cultivar a terra, há cerca de dez mil anos, o homem vem aperfeiçoando os métodos de lidar com os recursos agrários. Destacam-se ao longo do tempo grandes mudanças que ajudaram a revolucionar a agricultura, especialmente a partir do século XVIII, com o desenvolvimento da Mecânica e da Química e o maior conhecimento das fisiologias vegetal e animal. Foi naquele contexto que surgiu a Agronomia, ou Engenharia Agronômica, como área de conhecimento.A área de atuação do engenheiro agrônomo é vasta. No campo brasileiro, as unidades de produção são complexas – existem as especializadas, com condições tecnológicas modernas, as mais modestas da agricultura familiar e aquelas que produzem alimentos e matérias-primas em condições de policultura e tecnologia socioambientalmente adequada.Nesse sentido, o profissional precisa ter uma formação generalista, mas com alguma especialização. Esse perfil o habilita a atuar nas diversas áreas da produção agrícola (pequenas e grandes plantações, produção familiar e não-familiar) e em várias outras atividades, como irrigação, topografia, beneficiamento e armazenamento de grãos, defesa sanitária vegetal, processamento de produtos agrícolas, alimentos e nutrição animal, melhoramento genético e biotecnologia, e nas vertentes demandadas pelo espaço urbano.Além disso, o engenheiro agrônomo também pode atuar nas esferas do ensino (universitário e em escolas técnicas e de ensino médio), da pesquisa (empresas públicas e privadas), do planejamento, da assistência técnica, da extensão e da comercialização. Esse profissional pode se estabelecer como assalariado ou autônomo, prestando assessoria a empresas e unidades produtivas, buscando a valorização de postura empreendedora.Na cidade, o engenheiro agrônomo pode atuar na distribuição dos produtos agrícolas nos diversos níveis de consumidores. E ainda no planejamento visual, por intermédio da ação em paisagismo e arborização. Isso significa uma preocupação integral com o ambiente, seja do campo ou da cidade.A tendência do mercado de trabalho para o engenheiro agrônomo é francamente favorável. Merece ainda maior destaque, nos dias atuais, a projeção que o Brasil vem alcançando na produção de energia de fontes renováveis (álcool e biodiesel) – os biocombustíveis. A chamada agroenergia é, atualmente, referência no trabalho agronômico.Em linhas gerais, portanto, o estudante de Agronomia deve se identificar com as atividades do campo e também da cidade. Deve gostar de estudar os processos que envolvem a produção de alimentos de maneira sustentável, que, em síntese, é o âmago da profissão. Sejam bem-vindos, portanto, os alunos que tenham gosto pela pesquisa e a leitura, bem como pela multidisciplinaridade, preocupação ética em contribuir para a conservação dos recursos.


Gostar de passar o fim de semana no campo não credencia você a ser um engenheiro agrônomo em potencial, mas já pode ajudar. "O jovem que opta por realizar o curso de Agronomia deve ter uma motivação muito grande para tratar com 'as coisas da terra' de uma forma direta", avisa o engenheiro agrônomo Elemar Antonino Cassol, professor da faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O bom momento do agronegócio brasileiro também vem aumentando a procura por profissionais da área, que lidam com a produção agropecuária e com o meio ambiente.


Mercado - O campo de atuação do engenheiro agrônomo engloba toda a produção agropecuária, explica Cassol. Assim, o profissional sai da faculdade pronto para atuar em áreas bem diferentes do agronegócio, como produção agrícola e animal, defesa fitossanitária, construções rurais, mecanização agrícola, agronegócio e planejamento rural. Existe um piso salarial de seis salários mínimos para seis horas de trabalho diárias. Se forem oito horas, o piso passa para 8,5 salários mínimos. Segundo o professor, as áreas mais comuns de atuação são as de assistência técnica e extensão rural, vinculadas a instituições públicas como Emater, Secretarias Estadual e Municipal de Agricultura e órgãos do Ministério da Agricultura, e em instituições privadas como cooperativas, ONGs ou empresas rurais.
Na iniciativa privada, as áreas mais comuns de atuação são no gerenciamento e administração de uma propriedade própria ou da família ou implantação de um escritório de planejamento, voltado a projetos de produção e de crédito agropecuário. "Escritório de paisagismo também representa uma boa opção, especialmente quando de atuação conjunta com arquitetos paisagistas", cita Cassol. Além disso, há possibilidade de estabelecer empresas para atuar na área de perícias judiciais relacionadas a ações agropecuárias.


É pra você? - Quem não gosta nem de mosquito, não costuma passar perto deste tipo de opção. Mas há quem ache que já que gosta de fazenda e animais, pode ser um bom engenheiro agrônomo. "Não dá para pensar apenas no 'lado romântico' de uma visita de fim de semana a um sítio ou de um contato eventual com animais", avisa o professor da UFRGS. No mínimo, é preciso saber que vai pisar no barro e vai andar na chuva. "O aluno precisa gostar de sentir o cheiro da terra, saber enxergar a importância de uma planta, a utilidade de uma máquina ou implemento, reconhecer o temperamento de um animal e sobretudo saber valorizar o meio ambiente", enumera.


O que vem por aí - Como em boa parte das profissões, a área ambiental vem ganhando espaço. "A intensificação do processo produtivo, a escassez de áreas para ampliar a produção, a geração de efluentes e resíduos devido ao processo produtivo agropecuário e as agroindústrias acaba por gerar grandes problemas ambientais que o profissional da agronomia deverá estar apto a enfrentar", avisa Cassol. A tecnologia também é um grande diferencial, já que foi-se o tempo em que o homem do campo era atrasado. "No processo produtivo, o engenheiro agrônomo não deve se descuidar dos avanços tecnológicos voltados ao solo, as plantas e aos animais. O saneamento rural, os avanços na agricultura de precisão com aplicação das técnicas do geoprocessamento e os produtos geneticamente modificados estão a exigir uma certa mudança no perfil de atuação."


Diferencial -Para ter destaque ainda na sala de aula, o aluno da Agronomia deve fortalecer o aprendizado nas ciências básicas, avisa o professor da UFRGS. "É a aplicação da biologia, da química, da física e da matemática na agricultura que fará o profissional entender os fenômenos e os princípios que envolvem o solo, as plantas e os animais", diz. Além disso, estagiar na área ou atuar em pesquisa científica vão ampliar seus conhecimentos. "Com isso, certamente, o aluno aperfeiçoará sua formação acadêmica e o deixará preparado para enfrentar todos os desafios profissionais."
Fonte: Terra

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